terça-feira, 21 de maio de 2013

A DRÁCMA PERDIDA


TÍTULO DO SERMÃO: ARREPENDIMENTO DE PECADORES: A ANSIEDADE, A PREOCUPAÇÃO, E A ALEGRIA DO REINO DE DEUS

Lucas 15:8-10

“Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? 9 E, achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. 10 Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”


ELUCIDAÇÃO:


A) CONTEXTO LITERÁRIO


* A parábola da ovelha perdida e da drácma perdida formam uma par de histórias que na verdade consiste em apenas uma parábola. É possível perceber no verso 3 que Jesus chamou as duas histórias de “esta parábola”. Infelizmente, a Sociedade Bíblica do Brasil separou as duas por títulos em negrito que dá a entender que há duas parábolas. Podemos observar no verso 8 que Jesus não inicia outra parábola, ele apenas continua a história, estendendo a pergunta agora às mulheres.

* Enquanto a parábola da ovelha perdida é dirigida aos homens, (qual dentre vós é o homem?), a parábola da drácma é dirigida às mulheres, (ou qual é a mulher...?) Interessantemente, o pastor ao encontrar sua ovelha chama seus amigos e vizinhos; enquanto a mulher que encontra a drácma perdida chama suas amigas e vizinhas.

* Numa mesma parábola Jesus chama a atenção de um auditório misto de homens e mulheres para responderem sua pergunta; para isso ele faz uso do ofício masculino (pastor de ovelhas) e do ofício feminino (dona de casa). A parábola, então, é usada para dizer que, assim como um pastor considera da mais alta estima procurar uma ovelha perdida, e uma dona de casa em procurar uma peça perdida de sua jóia preciosa, assim também Deus considera em altíssima estima a salvação de pecadores.

* Podemos entender, dessa forma, que as duas histórias seguem uma mesma estrutura e arranjo de idéias, com a mesma conclusão temática, e dirigida a um mesmo auditório.


 CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL


* Essa história fala de uma mulher que possuía dez moedas de prata chamada dracma, uma moeda grega que 300 antes de Cristo era o preço de uma ovelha, mas ao tempo de Herodes valia apenas 16 centavos de dólar hoje. Por que então a parábola refere-se a uma mulher com tanta preocupação em encontrar uma moedinha tão barata?

* Na verdade, a figura feminina não aparece no texto relacionada a dinheiro; não tratava-se de valor financeiro, porque uma dracma representava muito pouco. O valor aí é estético e sentimental. As dez moedas era uma jóia, (talvez um colar de moedas amarradas por um pano), comum às mulheres daqueles dias. A referência não é a uma tesoureira da casa, mas a uma mulher que usa uma jóia e perde uma peça dela. O conjunto de moedas tinha valor específico para sua dona.

* A figura cultural, portanto, usada nesta parábola, é a de uma mulher que perde uma peça de uma jóia que tem grande valor para si.

* Como nas casas mais pobres daquela época quase não se usava janelas, o ambiente era sempre escuro, necessitando, numa ocasião dessas, que se usasse a lâmpada. Numa casa dessas, o piso também não ajudava; normalmente feito de blocos de pedras com aberturas e fendas onde naturalmente qualquer objeto ficaria muito bem escondido. Essa é a razão porque a mulher varre o piso até encontrar.

* O uso da lâmpada e da vassoura foram medidas sérias que a mulher tomou, por considerar de grande valor para si seu objeto perdido. A ansiedade e a preocupação levaram-na a adotar tais medidas. No final, após encontrar a peça importante de sua jóia, alegra-se com suas colegas que também possuem jóias, e entendem perfeitamente a alegria daquela mulher.


C) COMENTÁRIO HISTÓRICO-TEOLÓGICO


* Jesus mostrou a graça de Deus pelos pecadores de seus dias. Ensinou aos publicanos e marginalizados, entrou na casa deles, comeu e bebeu com eles, tendo sido também classificado pelos fariseus como pecador.

* A parábola é direcionada a esses fariseus que professam a falsa religião da justiça própria. Eles se achavam melhores do que os demais homens, e pensavam que Deus só tinha interesse neles, os “santinhos” da religião judaica. A parábola, portanto, mostra que Deus tem interesse naquilo que está perdido: pecadores que precisam da justiça divina para salvação. A parábola ensina a ansiedade e preocupação de Deus pelo perdido dando lugar à alegria e ao júbilo pela sua salvação.

Com base nesse contexto passo a compartilhar do seguinte tema:

ARREPENDIMENTO DE PECADORES: A ANSIEDADE, A PREOCUPAÇÃO, E A ALEGRIA DO REINO DE DEUS


1) Pela diligência da missão

* Na parábola da dracma há esforço e diligência (epimelôs). A mulher empreende três medidas sérias para recuperar a peça de sua jóia: a) acende a lâmpada para tentar vê-la, mas não consegue; b) varre a casa para tentar ouvi-la, também não consegue; e, finalmente, c) procura diligentemente, e então acaba achando. Das três ações empreendidas, apenas uma deu resultado: procurar diligentemente. É possível que nessa ação a mulher até ajoelhou-se ou deitou-se no piso da casa, passando os olhos e as mãos sobre cada centímetro do chão até que a achou, (zêtei epimelôs heôs hou heurê).

* A obra da salvação por Deus também assemelha-se a esse quadro. Quando os pecadores vêm a Cristo, eles não vêm acidentalmente, nem porque decidiram sem mais nem menos; eles foram alcançados por uma obra meticulosa e completa de salvação. Não foram salvos por um acaso, simplesmente porque estavam passando na frente de uma igreja, e entraram para assistir o culto; ou simplesmente andavam pela rua e encontraram um pedaço de um folheto bíblico e se converteram ao ler o texto. A salvação não é improviso dos céus.

* A obra de salvação de nossas almas é algo diligente. Deus estabeleceu todo um plano desde a fundação do mundo para nos libertar das amarras do pecado e do império das trevas, e nos trazer para a sua maravilhosa luz. Arrependimento de pecadores não é obra do acaso nem de suas próprias vontades, e sim, é plano diligente do Criador.

* Antes de nascermos neste mundo do pecado, nascemos sob condenação, mas os nossos nomes já estavam escritos no livro da vida, aguardando o dia do nosso chamado. Deus determinou em seu eterno decreto que haveria um dia que seríamos chamados à fé, pois ele nos amou em Cristo antes que pudéssemos escolher fazer o bem.

* A iniciativa, a diligência, e o esforço para nossa salvação pertence a Deus. Somos totalmente passivos nessa obra. Tal qual moeda que deu trabalho para ser achada, assim também todo pecador perdido está debaixo de um poder tão infernal do pecado que jamais poderá fazer qualquer coisa por si mesmo. O poder do pecado sobre uma alma sem Cristo é como o poder de um grande tirano sobre um povo que não consegue mudar sua realidade.

* Assim a parábola nos ensina que tal qual moeda perdida que dá trabalho a ser encontrada, também a missão de salvar pecadores só pode ser realizada por Deus. É uma missão difícil porque depende do arrependimento dos pecados, e isso só pode acontecer se Deus conceder aos pecadores que se arrependam: “Na verdade, até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida”, Atos 11:18; “Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”, Mateus 13:11; “Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”, Lucas 10:21;

* Esse princípio também nos inspira a sermos diligentes na obra da evangelização do mundo. Essa obra não é fácil nem prática. Exige de nós renúncia própria, paixão pelo evangelho, amor a Deus e a todos os pecadores perdidos desse mundo. Sabemos que é difícil olhar com amor para um criminoso ou transgressor da lei, mas essa é a ordem de Cristo a todos os pregadores do evangelho.

* Nossa diligência deve nos manter incansavelmente na busca das piores pessoas, as mais perdidas e sem qualquer esperança de conversão; não devemos desanimar se nosso diagnóstico precipitado garante o inferno logo de cara aos pecadores mais endurecidos. Sabemos quão difícil é, mas não devemos nunca desistir de pregar o evangelho, mesmo que tudo pareça estar irremediavelmente perdido para um pecador sem Cristo. Lembremos que o evangelho é poder, e que o arrependimento é uma dádiva dos céus. Portanto, preguemos, preguemos, preguemos!

* Nesses dias, em que o governo do atual presidente ameaça a igreja visível de Cristo e a pregação da Palavra de Deus no Brasil, e que tudo parece estar perdido, os católicos estão dando-nos uma lição: seus padres e bispos estão todos os dias gritando em suas paróquias contra o Partid dos Trabalhadores e contra o atual governo Lula. Parece que tal partido vai novamente exercer o seu poder, e agora com propostas de ditadura, perseguição religiosa, e todo tipo de malefícios à igreja de Cristo. Mas ao exemplo dos católicos, não desistamos de pregar a esta nação, contra este governo ímpio, contra seus pecados. O evangelho é poder.

2) Pela celebração do resgate

* Achar a dracma era motivo para alegrar-se junto (syncharete). A idéia desse termo grego é de uma grande alegria compartilhada. Mas, para ser celebrado com amigas e vizinhas, o achado teve então um caráter de altíssima importância para aquela mulher. Ninguém dá festa por coisas bobas, exceto os ímpios; sempre há um grande motivo para celebrar conjuntamente.

* Nessa idéia de festa pelo achado, Cristo quer nos ensinar a importância que o arrependimento de pecadores tem para Deus, v. 10, “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”. É interessante que o texto fala da consideração que os céus têm pela salvação das almas. A parábola mostra o que Deus sente pela missão de resgatar pecadores do reino de Satanás. Sua ansiedade e preocupação – falando antropomorficamente – são transformados em alegria divina. É isso que Deus pensa sobre a conversão de um homem perdido.

* Nossas mentes têm pouca capacidade para entender o regozijo no céu. No entanto, uma coisa se destaca claramente: existe um infinita prontidão da parte de Deus para receber os pecadores que se arrependem. Por mais ímpia que seja uma pessoa neste mundo, quando ela se arrepende de seus pecados se converte verdadeiramente, Deus se mostra satisfeito. A morte e a condenação do ímpio não causa alegria em Deus, pois ele não é deus grego; nossa Deus só se alegra com coisas boas, e a salvação de pecadores perdidos é algo que ele muito estima.

*Aquele que se envergonha de arrepender-se, considere isto: enquanto os homens desprezam, escarnecem e zombam do seu arrependimento, os anjos estão se regozijando. A mudança em sua vida que os incrédulos chamam de tolice é a mesma que enche os céus de alegria.

* Se entendemos tudo isso dessa forma, então, o que nos resta senão vivermos para alegrar o coração de Deus? Se é assim que Deus pensa, sente, e quer, então só temos que nos gastar para dar alegria a Deus. É verdade que muitos aqui nesta noite vivem somente para pedir coisas a Deus, para alegrarem a si mesmos com as dádivas dos céus; mas são poucos ou quase nenhum aqueles que vivem para alegrar o coração de Deus. Querem somente viver de festas e alegrar seus próprios corações; mas para Deus ninguém quer fazer festa.


CONCLUSÃO


* Despertem meus irmãos para realizar a festa de Deus. Há muito tempo ele espera isso de cada um de nós. O reino de Deus é preocupação pelos perdidos, e não festinhas de comemorações de nossos próprios egos; o reino de Deus está ansioso por ver pecadores abandonando seus caminhos destruidores e infernais, e não por lazer ou sociais de sua igreja. Deus tem profundo interesse nessa obra. Será que vamos morrer sem levar uma alma a Cristo, e deixar de alegrar o coração de Deus? Será nunca vamos participar da alegria de Deus na sua grande obra de redenção do mundo?

1 JOÃO 1:9 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

Romans 5:8 “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.

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